quarta-feira, 7 de outubro de 2009

#9 Solteira há 5 meses…logo há 5 meses a ter um Ex-Namorado

- Nós somos os ex-namorados mais modernos do mundo…
- Ex-namorados??? Mas vocês já não namoram??! Quando foi isso?
- há 5 meses…
- Mas como é possível?? Estão sempre aqui juntos…e…noutro dia não foram passar férias juntos???…já não namoravam???
- Não!
- Mas…não percebo…como é possível?
- Somos muito modernos!

Será???

Tenho vindo a pensar sobre esta minha mais recente condição: “Tens namorado?... Não!”…

Ao principio parecia fácil, leve, fantástico…hoje parece-me deprimente, estúpido, infernal…agora tenho um Ex-Namorado...era só o que me faltava!

O meu Ex-Namorado continua a ser MEU, simplesmente coloquei este maldito prefixo porque o mundo assim o exige, porque uma tal lei que rege os relacionamentos diz que quando, algures no tempo, dizemos a uma pessoa “temos de conversar”, essa relação acaba dramaticamente e já mais podemos ficar amigos, dormir juntos, conviver, temos de nos detestar ferozmente e, principalmente, o que inicia a conversa tem de sofrer, tem de se lamentar, praguejar…e temos de passar a denominar essa pessoa como "EX".

…raio de lei inventada de certeza por homenzinho perturbado daqueles com quem me tenho cruzado ultimamente. Desses esquisitos, muito sérios, na minha opinião um bocadinho efeminados, em que temos de dizer sempre as coisas certas, temos de dizer sempre a verdade, temos sempre de prometer mundos e fundos…uns esquisitos que não sabem dar beijinhos sem isso querer dizer “quero casar contigo” ou “quero-te papar”…Para esses em que não existe o meio termo…isso de relações leves cheira-lhes a libertinagem, a vagabundagem, a promiscuidade…”hum…Tá bem tá…o gajo andava-te a comer, é isso?! Coitadinha… ias aguentando, não é???” Pelos vistos fui durante vários anos, maravilhosos anos, uma “promíscua”, “imatura”, “pouco seria”, “desligada” e até, cheguei a ouvir, talvez “ingénua”….mas fui, principalmente, orgulhosamente feliz!

Mas raio do “EX” que simplesmente tira a importância ao “Meu” e ao “Namorado”, mas…fiquem sabendo que ele continua a ser MEU…só MEU, todo MEU…o “Ex” serve simplesmente para situar as pessoas, para lhes dar indicações: Ele é meu, mas está disponível! É como se o “Ex” simplesmente o colocasse no mercado, um género “até ver ele é meu!”:

…é como se tivéssemos numa casa e a puséssemos à venda mas, enquanto não vendemos, continuamos lá a morar …! Eu continuo confortavelmente sentada no sofá…até um dia…!! Recuso-me a pensar no dia em que for vendida, em que morar lá outra pessoa…essa ideia perturba-me…há coisas que nunca deviam mudar!

O meu (EX) namorado é maravilhoso, charmoso, inteligente, querido…mas condenou-me ao fracasso, a uma vida de busca constante…Durante demasiados anos convenceu-me que um dia encontraria outro homem como ele (de preferência um bocadinho mais novo): fantástico, compreensivo, amigo, divertido, brilhante, divertido, desligado e tudo menos complicado…o meu querido namorado era isento de complicações, confusões ou problemas desnecessários. Dizia o que tinha a dizer, sem rodeios…não punha reticencias nas mensagens…não escrevia o que não queria…não dizia “estou confuso”, ou “não sei”…Não escrevia textos descomunais, não me deixava mensagens sem resposta - ou quando o fazia era porque não estava para me aturar e não, como estes miúdos baralhados, que nos deixam à espera para se fazerem de difíceis, porque alguém instituiu que só gostamos deles difíceis - quando podia dizer alguma coisa numa só palavra, fazia-o… não era um homem dado a rodeios…fazia-me acreditar que eu era maravilhosa, admirava-me, sempre me fez sentir a melhor pessoa do mundo, a mais segura, a mais maravilhosa…!

Nos éramos livres…não discutíamos, não dávamos tempos, não tínhamos confusões…éramos o que queríamos ser à hora que nos desse na telha! Riamos, tínhamos prazer, éramos amigos, amantes, familiares…

Talvez a grande confusão é que se calhar tenho um namorado que é ex-namorado ou talvez um ex-namorado que continua a ser namorado...já não sei nada… A verdade é que é a ele que ainda ligo, é com ele que passo bons momentos, é com ele que janto quando a solidão aperta, é a ele que conto as boas e as más noticias, é com ele que me aconselho, é ainda ele a minha companhia, é a ele que ainda oiço … é ele que me abraça quando preciso …é ele que acredita em mim quando sonho mais alto, é ele que me dá confiança, continua a ser nele que procuro apoio…é ele, ele e ele…o meu (EX)namorado…

Fiquem sabendo que detesto, tenho ódio...repugno o “Ex”, ninguém diz: a minha ex-escola, o meu ex-emprego, esta a é a minha ex-casa…as pessoas dizem “eu andei naquela escola”, “aquele um dia foi o meu trabalho”, já vivi naquela casa…por isso vou passar a dizer que:

Eu namorei ali, naquele Namorado!