quarta-feira, 29 de julho de 2009

# 7 Eu moro num ghetto!




Hoje acordei sobressaltada…ouvi um barulho estranho e senti a porcaria do prédio a abanar…mas não me levantei…podia ser um sonho ou coisa assim. Mas passado uns minutos, quando já estava novamente a adormecer, fui outra vez incomodada com um raio de um novo abanão que chegou juntamente com aquele barulho esquisito. A minha ingenuidade levou-me a pensar que seria a porta do terraço, do prédio, a bater por causa do vento…Mas não fiquei por aqui, a minha ingenuidade levou-me ainda mais longe: fez-me levantar, abrir a porta do prédio e analisar a situação. Fiz tudo por impulso - só um impulso justifica aqueles trajes menores - entenda-se como trajes menores estar semi-nua (já não me chegava o episodio do pijama com ursinhos fofinhos e com as meias a condizer de há uns tempos atrás!) - subi as escadas do prédio e o mistério aumentou: percebi que nem estava vento, nem a porta do terraço estava aberta! Estaria a sonhar? Seria um sonho com um novo amor ou com um garanhão qualquer? Daqueles onde poderia usar finalmente a detestável expressão “até a barraca abana”? (expressão que até hoje nunca tinha sido capaz de introduzir em nenhuma frase...).
Mas estava prestes a descobrir…
Quando voltava a passar pelo corredor, para tentar dormir novamente, convencida que o melhor era fechar os olhos e tentar descobrir que sonho fantástico era aquele que estava a ter, eis-senão-quando vejo uma luz estranha, olhei pela janela e lá estava a bela da carrinha a arder! Era cá um aparato, um espectáculo magnifico! Afinal o que eu tinha ouvido, momentos antes, tinham sido duas fantásticas explosões (Palavra que sempre achei que só usaria para descrever uma cena de um filme com um gajo musculado qualquer!)… E eram bombeiros, policias e alguns vizinhos mais curiosas…todos de um lado para o outro com um ar atarefado (os “vizinhos” estão, por razões óbvias, excluídos desta observação!)! Saquei logo da minha maquina toda XPTO, mas descobri que a minha falta de jeito não me permite registar nada, muito menos um momento emocionante como este.
Não queria usar o flash…tive medo que me vissem e achassem que estava metida naquilo, que era uma mafiosa que tirava fotos e que ria estridentemente - com riso à bruxa má ou a Dona Cárie (personagem que interpretei, com muito profissionalismo devo dizer, quando tinha 9 anos…ria-me assim quando, depois de dar rebuçados e doces gigantes aos querido e fofinhos dentes de leite, saía de cena sem mostrar qualquer arrependimento - ahahahaha - ria-me eu – fui uma verdadeira Vilã!. Tive medo que achassem que tirava fotos para mais tarde recordar ou para provar ao chefe da quadrilha que o "bicho tinha ruído a corda" (palavras código para "serviço feito com sucesso!") Já estava a imaginar a policia a olhar para minha varanda, a ver uma luz suspeita …imaginei-os a apontar na minha direcção e a começarem a correr para o meu prédio…ouvi até baterem-me à porta violentamente (….está aí alguém??? Ou abre ou arrombamos!”…tão bom…!), já estava a imaginar o interrogatório, daqueles em que não te dão tempo para pensar nem para responder: “Porque é que a Sra. estava a tirar fotos? Tem alguma coisa a ver com isto? Quem são os seus cúmplices? Porque fizeram isto? Largue imediatamente a maquina (como gritou noutro dia um policia quando eu não fui suficientemente rápida a desligar o carro depois de ele me mandar parar só porque estava na faixa do BUS: Gritou: Não ouviu, desligue imediatamente o carro!!” Ainda hoje não estou recuperada deste episódio, o tempo passa mas o trauma fica...). Seria realmente desagradável ser metida, sem querer, num filme (fantástico) destes. Devo fazer notar que só por ser uma mariquinhas crónica, por ter medo de ser arrastada para historia de gungs, vilões, mafiosos, é que as fotos estão uma grande merda. Fiquem a saber (as duas pessoas que lêem este blog) é muito difícil tirar fotos boas naquelas condições: sem luz e com toda aquela pressão!
Depois, lá apagaram o fogo…acalmei-me depois de tanto entusiasmo, fumei um cigarro e pensei: Mas onde é que eu vivo, nalgum ghetto?
Mas sei que a pergunta que deveria fazer: MariGil, não andas a ver filmes a mais???

1 comentário:

  1. Pois... foi pena isso do flash...
    È que as fotos deveriam ter ficado muito melhores, principalmente porque os flashs das máquinas têm um alcace máximo de 3m.
    Devias estar mesmo pertinho do acontecimento... :)

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